Sob a égide do bolsonarismo a sociedade nacional viu o esgarçamento das relações sociais e políticas e uma polarização levada ao extremo (com a ideia de santidade/ salvação num dos polos x demonização/inimigo no outro polo) com um potencial de destruição sem precedentes.
Em nome de deus, da família e da pátria se atacou a liberdade religiosa, a liberdade de se constituir famílias e a possibilidade de se ter uma pátria livre. Seria cômico se não fosse trágico! Ainda mais quando se realça que a liberdade pregada pelo bolsonarismo nada mais é do que a defesa de uma escravidão/exploração pelo trabalho. Ou seja, trata-se de pura questão econômica de um neoliberalismo selvagem que encara a relação capital-trabalho como uma extensão da vida privada, buscando sempre afastar, por conta disso, o Estado de regular tais relações.
Utilizando-se das fake news, que ganharam até mesmo espaço na mídia corporativa do país (esta que se liga ao bolsonarismo, sobretudo, pela questão econômica destacada no parágrafo anterior), o bolsonarismo intentou gerar comportamentos políticos (em diversos setores da sociedade) alinhados aos interesses espúrios e privados de grupos econômicos e políticos reacionários (misóginos, racistas, ambiciosos, egoístas, negacionistas, intolerantes, cheios de ódio, etc.) para viabilizar o seu projeto de destruição nacional.
E que destruição! Atacaram e tentaram desmantelar a ciência e as universidades. Agrediram e degradaram o meio ambiente. Assaltaram a cultura, esforçaram-se em solapá-la. Empenharam-se em extinguir os direitos trabalhistas e previdenciários. Ultrajaram as lideranças e, de maneira geral, os indivíduos que se colocaram contra tal destruição. Extinguiram programas sociais. Enfim, conduziram centenas de milhares de pessoas à morte no Brasil ao negarem a vacina e os protocolos da OMS de combate ao Covid-19. E, intencionalmente, causaram enorme devastação ao povo Yanomami, condenando-os ao extermínio físico. Que projeto de destruição e genocídio! Não satisfeitos, empenharam-se em assaltar a democracia no dia 8 de janeiro de 2023.
Hoje, esse projeto de destruição está vindo à tona em seus meandros. E é extremamente necessário criar um arco legal e social de proteção à democracia e a vida social (entendida na sua mais ampla dimensão).
Sobre os escombros deixados pelo bolsonarismo devemos erguer um novo Brasil. É o momento de investir esforços na ciência, na universidade, na cultura, na proteção social, no direito humano, no respeito à diferença e no valor à vida, na distribuição de renda e na justiça social.
As dificuldades e os desafios são grandes, porém a esperança é maior. É o momento da reconstrução do Brasil.