Os poderosos dos poderes da República Brasileira brigam por mais poder ou pela primazia de abusar dele, seja no exercício de autoridades, seja quando rasgam a Constituição Federal para receberem dinheiro acima do teto salarial do funcionalismo público.
Lutam para ganhar mais verbas indenizatórias, invertendo a lógica, na qual o fantástico salário virou um penduricalho na soma de ganhos e as verbas indenizatórias tornaram-se a principal fonte de renda, inclusive, algumas delas são recebidas até sem tributações, como sãos os casos dos auxílios alimentação, saúde, natalidade, ajuda de custo parlamentar, plano de saúde dos ex-senadores, além de férias e recessos em dobro devidamente remunerados.
Enquanto os poderosos dos três Poderes entram em luta fraticida, alheios aos princípios de um Estado republicano, com ultimatos, com pressões e chantagens em proveito próprio, a maioria do povo continua com um Poder Judiciário lento e caro, com um Congresso Nacional composto por maioria de malfeitores e negocistas, com um Poder Executivo incapaz de fiscalizar obras de barragens de mineração, de viadutos e de enchentes, além de promover corrupção, exclusão social, censura contra adversários e mortes por convid-19.
Não escapa nem o Ministério Público, sedento por poder e benéficos salariais quase infinitos. O seu corporativismo aumentou na mesma proporção das regalias. Em alguns momentos, o silêncio é grande diante de suas atribuições constitucionais.
Eles, os poderosos da nossa cambaleante república, sempre esquecem de um princípio constitucional que deve mover as instituições de Estado: “o Poder Emana do Povo”. A missão pública é para o benefício do povo, porque é ele quem sempre paga as contas, com erros ou acertos, é o povo a razão da existência das instituições numa República Democrática, num Estado Democrático de Direito.
No entanto, nem a realidade de doze milhões de brasileiros desempregados, milhões também sem educação superior, milhões nas filas de hospitais sem perspectivas de atendimentos, milhões sem moradias e usando transportes coletivos péssimos, sensibilizam os poderosos.
Na ausência de um Estado republicano, eficiente e com valorização do ser humano, as facções criminosas tomam conta dos bairros das cidades, dos presídios e da política, fato observável em casos como os de milicianos que estão em cargos de confiança, muitos deles próximos aos familiares dos governantes do País.
Precisamos de novos e bons governos comprometidos com mudanças. Tornar o Brasil num Estado moderno onde o poder público exista tão somente para servir e não para ser servido. Isso pode acontecer, basta que o cidadão vote bem, com responsabilidade, pensando no bem-estar de todos, sabendo que ele é a fonte de poder, além de fiscalizar os atos e comportamentos dos poderosos, porque os governos e seus atos são frutos de nossas escolhas.
Finalizo essa reflexão com uma frase da música de Caetano Veloso “Podres Poderes” em que retrata bem o Brasil de hoje: “Enquanto os homens exercem seus podres poderes, morrer e matar de fome, de raiva e de sede são tantas vezes gestos naturais”.