A COP27 foi prorrogada por pelo menos mais um dia, mas não há nenhum sinal concreto de que os negociadores estejam perto de um acordo para ampliar o combate às mudanças climáticas.
Pelo contrário, alguns países já começam a dizer que a Cúpula do Clima deste ano pode fracassar.
Um deles, o poderoso Frans Timmermans, vice-presidente da União Europeia e responsável pelas negociações climáticas do bloco, disse publicamente na manhã deste sábado (19) que os ministros do Meio Ambiente europeus estavam preparados para abandonar a cúpula caso um acordo razoável não pudesse ser alcançado.
“Preferimos não ter decisão alguma do que termos um mau acordo”, disse ele.
Uma negociadora de um país europeu que não faz parte da União Europeia disse à CNN que começava a “sentir o cheiro do fracasso” no ar.
Muitos dos negociadores e delegados presentes à COP27 reclamam da presidência do evento, nas mãos do país anfitrião, o Egito.
Alguns dizem que nunca houve uma cúpula tão problemática e desorganizada –em vários aspectos. De problemas em estrutura básica como poucos locais para refeições e uma internet muito falha à falta de uma melhor coordenação política nas negociações.
Tradicionalmente, cabe à presidência das COPs organizar os debates e forçar os negociadores para tentar chegar a um acordo.
No ano passado, na COP26, em Glasgow, na Escócia, coube ao governo do Reino Unido pressionar os países para um acordo. Na ocasião, a cúpula conseguiu progressos significativos –como por exemplo, a decisão de finalmente regular o mercado de carbono.
Este ano, no entanto, os negociadores não conseguem avançar. Segundo um deles, ouvido pela CNN, as posições dos blocos de países estão “muito polarizadas”.
As diferenças principais se devem a um aspecto em particular: dinheiro. Basicamente, a COP27 não consegue chegar a um acordo sobre quem vai pagar a conta na luta contra o aquecimento global.
Os países ricos se recusam a aceitar as pressões das nações em desenvolvimento para a criação de um fundo de compensação para perdas e danos já sofridos com os eventos climáticos extremos –como grandes secas ou enchentes.
Os países em desenvolvimento, reunidos num grupo chamado “G77 mais China” (embora tenha mais de 130 nações entre seus membros), estão particularmente unidos na demanda para a criação imediata do fundo.
O grupo exige ainda que apenas países ricos paguem a conta, para poder ser usufruída por todo o bloco de nações em desenvolvimento.
Os ricos, por outro lado, resistem por temer que um acordo assim crie ainda mais passivos financeiros no futuro.
A União Europeia apresentou na madrugada de sexta-feira uma proposta que tentava chegar a um resultado prático.
O bloco sugeriu a criação de um fundo, que seria pago por países ricos e também pelas grandes economias em desenvolvimento (China, Índia e, potencialmente, o Brasil), mas que só poderia ser utilizados pelas nações mais vulneráveis.
Os países em desenvolvimento refutaram a proposta, dizendo que a real intenção dos europeus era dividir o G77.
Enquanto isso, Estados Unidos, China e outros grandes países não se posicionaram –aumentando as chances reais de um fracasso.
Fonte: CNN Brasil